quarta-feira, 7 de maio de 2008

Notícia

Foram publicados trabalhos sobre a contaminação de heparina e o mecanismo de seus eventos adversos

Autora: Sue HughesPublicado em 24/04/2008

Cambridge, MA – Mais detalhes sobre o contaminante achado na heparina — sulfato de condroitina supersulfatado (SCSS) — e o mecanismo pelo qual acredita-se que ele exerça seus efeitos adversos foram publicados em dois trabalhos separados.1,2
Dra. Janet Woodcock (diretora do Center for Drug Evaluation and Research do FDA) declarou, em uma conferência, que o mecanismo de ligação do sulfato de condroitina supersulfatado e o tipo de reações adversas observado reforça consideravelmente a hipótese de que esse contaminante seria o responsável por essas reações.
Os dois trabalhos publicados foram escritos por dois grupos de cientistas, ambos dirigidos pelo Dr. Ram Sasisekharan (Massachusetts Institute of Technology, Cambridge, MA). Em um desses trabalhos, publicado online em 23 de abril de 2008 no Nature Biotechnology, são relatados mais detalhes da estrutura química do SCSS, além de testes para detectar esta relação.
O outro trabalho, publicado online no mesmo dia no New England Journal of Medicine (NEJM), descreve o mecanismo pelo qual o SCSS pode induzir o tipo de reação adversa observado com a heparina, como hipotensão, edema facial, taquicardia, urticária e náusea.
Os autores do trabalho publicado no NEJM relataram que o contaminante induz, em laboratório, a geração de C3a e C5a — anafilatoxinas potentes derivadas de proteínas do sistema complemento. Além disso, a substância ativa o sistema cinina-calicreína no plasma humano, o que pode levar à geração da bradicinina, um mediador vasoativo potente. Os autores também observam que o contaminante pode induzir uma profunda resposta hipotensiva em porcos, o que eles sugerem fornecer “uma ligação biológica em potencial entre o contaminante e às reações anafiláticas vistas nos pacientes afetados”.
Eles acrescentam: “O achado de que a hipotensão não se desenvolveu em todos os animais tratados com a heparina contaminada, mesmo em uma dose relativamente alta, é coerente com a observação de que a maioria dos pacientes que receberam a heparina contaminada não apresentou eventos adversos. Entretanto, é importante notar que todos os animais tratados com heparina contaminada por SCSS mostraram evidências de ativação da calicreína in vivo, mesmo com ausência de sinais clínicos.
Ademais, foi relatada uma possível explicação para a observação dessas reações adversas em pacientes em diálise: esses pacientes se encontram em risco elevado de hipotensão porque a membrana de diálise também pode ativar o sistema de contato e porque os inibidores da enzima conversora de angiotensina, comumente prescritos a esses pacientes, inibem a quebra da bradicinina.
Esses achados sugerem que um simples ensaio in vitro pode ajudar a proteger o suprimento global de heparina, ao permitir a triagem dos lotes de heparina em busca da presença não só de SCSS, mas também de outros contaminantes polissulfatados que podem desenvolver conseqüências farmacológicas indesejadas.

Informação sobre a autora: Sue Hughes é jornalista do Medscape. Ela faz parte do theheart.org, parte integrante do WebMD Professional Network, desde 2000. Antes disso, ela foi editora de ciência do Scrip World Pharmaceutical News. Após obter sua graduação em farmácia na Manchester University, Reino Unido, ela iniciou sua carreira como farmacêutica em hospital antes de se tornar jornalista para uma publicação de comércio farmacêutico do Reino Unido.


Fonte:http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?id=8256&LangType=1046

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